INOVAÇÃO E UX – DUAS FACES DA MESMA MOEDA

O ano de 2020 surpreendeu o mundo por uma série de desdobramentos acerca de uma pandemia global não prevista, que gerou profundas implicações macroeconômicas. No ambiente de negócios, inúmeras variáveis evidenciam disrupções dramáticas no mercado, que definitivamente destaca o acrônimo VUCA (Volátil, Incerto, Complexo e Ambíguo), para imprimir o cenário contemporâneo.

Contudo, o fenômeno da inovação, advindo da necessidade das organizações se reinventarem nunca foi tão crucial e importante diante das demandas, em função da adaptação funcional e sobrevivência dos negócios.

Inovar se tornou a enorme diferença entre sobreviver, evoluir ou perecer em meio às dinâmicas desse verdadeiro marco histórico. Nesse percurso é fundamental compreender a Human Centered Innovation – HCI (Inovação Centrada em Humanos), que se trata de inserir a comunidade em primeiro plano, empoderando as pessoas na criação e construção de soluções ligadas aos desejos e necessidades de todos os envolvidos no ecossistema organizacional e social. Com isso, a questão fundamental passa a ser: “Como fazer isso da forma mais assertiva e no menor tempo possível?”

E é aí que entra o papel da HCI, uma vez que a necessidade de inovar pressupõe a existência de um problema a ser resolvido, o que demanda a importância de uma estrutura de design centrada nos reais desejos e necessidades do ser humano (usuário final). Conhecer profundamente as pessoas que estão inseridas no contexto do problema auxilia positivamente nas experiências de todos os envolvidos, notoriamente dos clientes.

Para tanto, os conceitos e ferramentas ligados à User Experience – UX (Experiência do Usuário), podem contribuir decisivamente. Apesar das soluções oriundas da prática do UX em organizações que obtiveram resultados positivos, tanto qualitativos, quanto quantitativos, ainda hoje, curiosamente há inúmeras discussões de como o UX se encaixa e contribui para o processo de inovação, quando na verdade, a questão fundamental sobre esse ponto poderia ser trocada

De:

“Como pode haver um processo de inovação que não considere a experiência do usuário e que, portanto, não investigue seus consumidores-alvo, seus desejos e necessidades, bem como as jornadas e pontos de dores que estamos resolvendo com o nosso produto?”

Para:

 “Como poderíamos criar e implementar processos inovadores, colocando as pessoas no centro do design, resultando em soluções integradas com tecnologia, finanças e desejabilidade dos usuários na experiência de aquisição e consumo de produtos / serviços?

Para organizar essa pergunta

sob a ótica da HCI e UX, três recortes são de suma importância

Primeiro: o conceito de jobs to be done; ou seja, dos desejos, anseios e necessidades objetivas e emocionais associados a um determinado contexto. Sem um entendimento claro dos jobs to be done, o processo de inovação se torna um ato fútil e vazio, incapaz de entregar um resultado concreto e de propiciar um benefício claro para as pessoas.

Segundo: descoberta e entendimento da persona, ou seja, o arquétipo de usuário impactado, com suas características específicas, rotinas, hábitos de compra e uso, crenças e atitudes. Com o entendimento da persona e dos seus jobs, é possível verdadeiramente entender quais problemas estão sendo tratados, para quais pessoas e para obter quais resultados

Terceiro: o conceito da jornada do usuário, colocando no tempo e no espaço o esforço das personas em satisfazer os seus jobs, completando assim o ‘triângulo de ferro do UX’.

Inovar consiste em promover mudanças graduais no ambiente e nas práticas organizacionais, no que tange: produtos, serviços, processos e pessoas. Todavia, o efeito do movimento de inovação começa a fazer sentido após a avaliação e entendimento destes três conceitos fundamentais do UX. A inovação consiste em fazer algo novo ou diferente do mercado e não apenas a vontade teórica de quebrar barreiras, romper paradigmas e desafiar as fronteiras do que é possível, mas efetivamente identificar oportunidade reais existentes no mercado.

Endereçar ações sólidas e embasadas de HCI e UX pode sustentar o negócio a longo prazo, mantendo resultados positivos para a organização e as partes envolvidas. Ambas abordagens, tanto da HCI, quanto os conceitos e ferramentas do UX, permitem compreender melhor e mais profundamente os aspectos humanos ligados a inovação, guiando o processo inovativo com mais agilidade para identificar os elementos relevantes para a geração de valor e fornecer melhor compreensão do propósito do esforço para acelerar o desenvolvimento das etapas intermediárias.

Para organizações inovadoras é fatídico que HCI e UX constituem duas faces da mesma moeda e que, portanto, negócios que ainda não despertaram para essas abordagens, a verdadeira questão é de vida ou morte. Contudo, os problemas podem ser potenciais, revelando um enorme espaço (e potencialmente um enorme gap) para refinar e aprimorar o modo como a inovação é encarada e desenvolvida dentro das organizações, trazendo uma ótica mais humana para o processo e assegurando, com isso, um resultado mais ágil e satisfatório para todo este esforço de inovar de verdade.

Espero que o seu consciente e inconsciente possam dançar!

Por: Daniel Gonçalves

Administrador especialista em estratégia e transformação digital, com foco em gestão de operações, projetos e experiência do usuário (UX). 

Contato: daniel.alfonso.g@gmail.com

Por: Felipe dos Santos Evangelista
Psicólogo, Administrador, Mestre em Inovação, mentor de negócios e startups, pesquisador, palestrante, escritor, educador, especialista e facilitador de abordagens inov-ativas e estratégicas. Head da consultoria de Inovação e administrador da holding Cia Makers.

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