INOVAÇÃO EM PRODUTOS E SERVIÇOS

Algumas reflexões sob a ótica maker

Vivemos em uma realidade marcada pela mudança de perspectivas sobre inovação, onde a introdução da “inovação aberta” cresce em uso, em alternativa ao modelo de inovação fechada predominantemente praticado até então. Henry Chesbrough, um dos pioneiros no tema de inovação aberta, entende que a abertura do modelo fechado de inovação é imperativa, sobretudo pelo aumento da velocidade de lançamentos de novos produtos, ocasionado pela crescente redução dos seus ciclos de vida.

Conscientes ou não, sobre a realidade atual, queremos com este artigo, propor reflexões sobre a inovação em produtos e serviços. Entenderemos melhor as diferenças entre invenção e inovação, conceitualizando o tema central. Traremos uma visão sobre os consumidores destas inovações. Analisaremos as motivações para empresas inovarem com base em uma análise histórica e por fim, exploraremos diversas oportunidades que podem fazer com que qualquer empresa inove em seus produtos e serviços

Sem mais delongas, vamos pensar…

Inovação e invenção são a mesma coisa?

Glauco Arbix, sociólogo brasileiro, diz que a invenção e inovação  podem  estar relacionadas,  porém são  fenômenos  distintos,  capazes  de  gerarem contextos diferentes. A invenção tem a proposta de criar algo novo, trazer ao mundo algo que não existe. Já a inovação vem com a ideia de melhorar algo existente ou a criação de algo novo, inédito no mercado e que gere negócio.

Usualmente, de acordo com Paulo Bastos Tigre, economista brasileiro, as inovações são diferenciadas por seu grau de mudança em relação aos produtos e processos que existiam anteriormente, sendo classificadas em: 

Inovações incrementais:

Que possuem baixo grau de novidade em relação à versão anterior do produto ou processo;

 

Inovações radicais:

Que  possuem alto grau de novidade, pois rompem as trajetórias existentes, inaugurando uma nova rota tecnológica.

 

Quer um exemplo prático? A câmera fotográfica é um exemplo de invenção que passou por várias inovações no decorrer dos anos. Essas inovações foram tão nítidas que hoje através de um click podemos registrar fotos em segundos pelo celular.

Agora que questionamos nosso intelecto, vamos entender o conceito de inovação em produtos e serviços.

Conceito de inovação em produtos/serviços e processos

Na prática, as inovações radicais são mais facilmente identificadas. Quando estamos falando de inovações em produtos/serviços inclusive, as ações consideradas inovadoras pelos seus consumidores podem ser mais “simples” do que as inovações em processos, porém, diferenciar as inovações em produtos/serviços pode ser mais claro quando conseguimos caracterizar as ações.

As inovações em produtos são identificadas pelas modificações nos atributos do produto, como mudanças na forma como se apresenta o produto para o cliente, modificando a forma como ele é percebido. O aperfeiçoamento de produtos pode acontecer quando a produção busca melhorar o desempenho por meio de matérias-primas ou elementos com maior rendimento.

Mudanças fragmentadas podem ser um meio para inovação em produtos complexos, aqueles com vários componentes ou elementos integrados. Dessa forma, é possível trazer agilidade para o processo de inovação. 

Segundo o Manual de Oslo, em relação à forma como são oferecidos, como a eficiência e velocidade, são melhoramentos importantes para a inovação em produtos, e podem ser feitas através da adição de novas funções ou características em serviços existentes ou à introdução de serviços inteiramente novos.

Quer entender mais sobre o Manual de Apoio ao Preenchimento da Pintec e o Manual de Oslo, clique aqui.

Adicionar novas funções ou características em serviços existentes pode ser uma maneira de gerar inovação em serviços. De forma geral, Inovação em serviços acontece  quando organizações transformam a experiência oferecida para seus clientes em algo consideravelmente positivo.

Quando uma pessoa compra um produto, ela está adquirindo a propriedade de um bem físico, já a experiência de um serviço acontece quando o cliente é servido, ou seja, quando uma necessidade é atendida por uma empresa, sem que ela obtenha a posse de um bem tangível.

Motivações e necessidades

Para entender melhor as motivações das empresas que querem inovar em seus produtos e serviços, vamos observar o que John Cantwell diz: “A razão que motiva as empresas a realizarem esforços para geração de inovação é o ganho de competitividade no mercado, ou seja, a possibilidade de criar formas de diferenciação e barreiras frente a seus concorrentes (CANTWELL, 2005).”

Em adição, é igualmente fundamental, entender que as motivações, historicamente, vieram acompanhadas de certas necessidades ou até mesmo requisitos, a fim de gerar inovação.

Martin Bell e Keith Pavitt mostraram a importância de detalhar e distinguir as capacidades das empresas em produtiva e tecnológica, além de identificarem os processos necessários para sua criação, que são, respectivamente, a mudança técnica e a acumulação (ou aprendizado) tecnológica:

Capacidade produtiva

A capacidade produtiva seria a requerida para produzir o produto final da empresa a partir da combinação de seus insumos

 

Capacidade tecnológica

É aquela necessária para gerar e gerenciar a mudança técnica, ou seja, para introduzir melhorias e adaptações na produção (inovações incrementais), a partir das habilidades, conhecimentos e experiências, estruturas e relações institucionais da empresa e gerar novos valores de opção para a empresa (inovações radicais) e sua sustentabilidade de longo prazo. 

Algumas características são centrais à acumulação e capacidade tecnológica nas empresas: 

Bem, Entendemos até aqui, conceitos que julgamos serem suficientes para contextualizar o nosso objetivo com este texto, agora te convidamos então a entender melhor os consumidores alvos dessas inovações e como estes se comportam.

Inovação de produtos e serviços para quem?

No universo corporativo, é importante que gestores, líderes e os demais colaboradores em diversos níveis prestem atenção a essa tendência.

Especialmente em uma época em que os millennials representam a maior parcela do público consumidor no mundo.

Mas quem são os millennials?

Conhecidos como a geração de nativos digitais nascidos em meados de 1980 e fim da década de 1990 chamados de Geração Y, conectados a computadores e celulares a tempo todo, o mundo analógico está bem longe da geração, em minutos  transforma a jornada de compra.

A principal característica dessa geração em comparação às anteriores é a disponibilidade para investir em experiências e não tanto em bens materiais. 

Foi se o tempo em que as lojas esperavam seus clientes para consultar seus produtos na loja, hoje existem infinitas possibilidades de fazer isso de forma digital, com um clique você tem acesso aos preços, experiências de clientes passados, quantidade do produto no estoque, breves comparações. As informações e a descrição daquele produto se tornam um fator chave para a venda de seus produtos para os novos clientes digitais.

Entendendo esse contexto, fica deixa claro o quanto é importante a inovação em serviços e que também nos põe a pensar que mais do que nunca, nas necessidades e desejos do cliente. Sabendo disso outros autores, como Richardson (1972), Powell, Koput e Smith-Doerr (1996), Hage e Hollingsworth (2000) destacam a crescente complexidade tecnológica no desenvolvimento de novos produtos. 

Fica evidente então a urgente necessidade de acesso a conhecimentos externos por meio de relacionamentos colaborativos com outros agentes.

 

Nosso próximo tópico aborda o Processo aberto e colaborativo para o desenvolvimento de novos produtos.

Ao abrir-se para o ambiente externo, a empresa poderá acessar relevantes conhecimentos para o processo de inovação, especialmente dos consumidores, conforme evidenciado nos trabalhos sobre:

  • Inovação democrática (VON HIPPEL, 2005), 
  • Cocriação de valor (ENKEL e outros, 2009), 
  • Consumidores criativos (BERTHON e outros, 2007) e
  • Colaboração em massa (POETZ e SCHREIER, 2012).
 

De modo geral, as tecnologias demandam o uso simultâneo de diferentes conjuntos de habilidades e bases de conhecimentos em um processo de inovação.

 

 

“A colaboração em rede facilita a reunião de complementaridade de habilidades de diferentes empresas (RICHARDSON, 1972).”

O processo de geração de inovação em produtos e processos costuma ser representado pelo modelo stage gate (COOPER, 1990) ou pelo modelo funil de desenvolvimento (CLARK e WHEELWRIGHT, 1993): Ambos sustentam que o processo de inovação seja dividido em estágios (stage) e que, ao fim de cada um desses estágios, haja um “portão de decisões” (gate) para avaliar quais projetos devem ser continuados ou descontinuados. 

Fonte: https://www.ebdp.com.br/da-ideia-ao-produto-ideal-usando-o-stage-gate-para-o-desenvolvimento-de-produtos/

Uma questão colocada na literatura é que esses estágios são desenvolvidos, tradicionalmente, pelo P&D interno da empresa, com baixa interação e colaboração com atores externos, sendo denominado por Chesbrough (2003) como modelo de inovação fechada. 

No entanto, Giuseppe Soda diz que: “[…] a inovação não é gerada somente por recursos que uma empresa é capaz de desenvolver internamente, mas também através do acesso de recursos e de capacidades de organizações externas, que a empresa pode acessar por meio de alianças e de acordos de cooperação”.

Explorando recursos de outras organizações externas, uma empresa consegue reduzir os custos de desenvolvimento tecnológico, os riscos de entrada no mercado e o tempo de desenvolvimento de um novo produto. 

Da mesma maneira, o conhecimento pode fluir para fora da organização por meio de licenciamentos, tecnologias e spin-offs. O resultado pode ser um novo produto desenvolvido para o mercado atual da empresa, um novo produto para um novo mercado ou ainda um produto para ser integrado ao portfólio de outra empresa por meio do licenciamento de patentes. 

Powell em 1998 já destacava que a colaboração interorganizacional proporciona melhores resultados de inovação em relação às empresas que trabalham individualmente.

Fatores de desempenho

E já que estamos falando de resultados, não podemos nos esquecer do quanto os indicadores podem ser nossos aliados nesse processo, vamos entender como? Vem comigo!

O  desempenho  de  determinada  inovação  é verificada  em  termos  do  crescimento  de  sua  penetração  no  mercado  ao  longo  dos anos que se sucederam à  sua  introdução. 

De acordo com Rogers (2003) essa  medida  de  adoção é influenciada por vários fatores: 

 

O conjunto de indicadores de desempenho da inovação medidos por uma empresa, quantitativos ou qualitativos, pode incluir indicadores relacionados com a produção, por exemplo:

  • Retorno sobre o investimento;
  • Participação de mercado;
  • Facilidade de uso;
  • Velocidade de adoção pelos usuários;
  • Satisfação do usuário; 
  • Taxa de difusão da inovação;
  • Renovação e transformação organizacional; 
  • Benefícios de sustentabilidade e; 
  • Taxa de aprendizado.

Os indicadores de desempenho de inovação podem ser aplicados em nível de sistema, portfólio ou iniciativa e podem ser avaliados e melhorados conforme apropriado. Eles podem se concentrar tanto na avaliação dos elementos do sistema de gestão da inovação, suas interações, assim como nos resultados.

A organização pode usar comparações com outras organizações ao monitorar e avaliar desempenho.

Os resultados da análise podem ser usados para avaliar:

  • O nível de compreensão do contexto;
  • A eficácia das ações tomadas para abordar oportunidades e riscos:
  • A eficácia da estratégia de inovação;
  • A eficácia e eficiência dos processos de inovação;
  • A eficácia e eficiência do apoio à inovação;
  • Compartilhamento de conhecimento e aprendizado de sucessos e fracassos.

Pega papel caneta e se prepare para as dicas!

Se você chegou até aqui já deve saber que inovar não é uma tarefa fácil, mas também entendeu que existem processos que podem te auxiliar nesse caminho, e portanto, aqui vão algumas dicas para encantar as pessoas envolvidas no processo da inovação.  

Percebemos ao longo dos anos através de pesquisas, tendências, fatos históricos que o processo de inovação deixou de ser um desejo e tem se tornado vital para a sobrevivência de qualquer empresa seja ela do porte que for.

Manter-se competitivo, ficar à frente de tendências, aumento de retorno de investimento são benefícios importantíssimos e que também decorrem da inovação, porém você perde a oportunidade de desfrutá-los uma vez que você permanece na sua zona de conforto.

Uma curiosidade disso foi um estudo realizado pelo Babson Olin em 2011 onde 40% das empresas que integram a lista das 500 maiores corporações do mundo não existiriam até 2021.

1. Tenha uma cultura inovadora.

As pessoas que compõem a empresa precisam entender o valor agregado que isto trás para o negócio e através destes investimentos a organização permitirá um relacionamento mais aberto e transparente para aqueles que nela estão com uma boa gestão da inovação, você permitirá que sua empresa não só se adapte a este mercado como a colocará à frente de seus concorrentes.

2. Foque no seu cliente.

Já está mais que claro como a  experiência do cliente impacta nos resultados do seu negócio, se colocar de fato no lugar dele, entender suas necessidades e suas dores na hora de adquirir seus produtos ou usufruir de seus serviços. Prove que conhece seu cliente, surpreenda-o e supere suas expectativas.

3. Sempre teste e registre seus dados.

Um dos pilares da inovação é entender a importância de testar, o design thinking pode ser uma metodologia primordial para atender às verdadeiras necessidades dos clientes, buscando resolver problemas complexos.

Com isso temos a possibilidade de criar protótipos e testar com o público final, observar suas dores e melhorar o conceito do produto ou serviço até chegar no resultado ideal.

Teste quantas vezes for necessário!

Inovar não é do dia para a noite muito menos um ato puro e simples de criatividade, mas sim um conjunto de processos.

Dar o primeiro passo é essencial, mas continuar esse processo é um baita desafio, esperamos que esse artigo tenha te dado um norte, afinal inovar por inovar não te levará a lugar nenhum, estabeleça metas e seja estratégico em todo o processo, pois isso te levará ao sucesso!

Conta pra gente, o que você achou deste artigo? Queremos saber sua opinião.

Por: Emily Oliveira

Gestora de Recursos Humanos, Design Thinker, palestrante, mentora de jovens líderes,  social media, Trainee em comunicação da Cia Makers – Escola de Inovação.  

Por: Vitor Hugo 

Head de conteúdos – Professor e consultor Design Thinker na  Cia Makers – Escola de inovação.

Por: Danilo Tonsa

Head de projetos na Cia Makers – Escola de Inovação, Lead Implementer da ISO 56002, Administrador de empresas e consultor especialista em Design Thinking

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